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‘Síndico deve ter paciência diante de tanta falta de bom senso’


Postada em 06/02/2020 às 08:00
Por Marília Montich

Arquivo pessoal

Paulo André Fonseca Nunes de Oliveira, 36 anos e natural de Natal, no Rio Grande do Norte, se tornou síndico “no susto”. Ele assumiu o cargo em um momento em que seu condomínio passava por problemas sérios, mas nenhum de seus vizinhos queria assumir a gestão. Hoje, após quatro anos, ele acredita que o maior desafio é ter paciência diante da falta de bom senso de alguns moradores. O baixo reconhecimento financeiro e profissional também é um problema. Apesar disso, a trajetória é encantadora e faz com que ele siga nesse caminho, tentando sempre ajudar o próximo com altas doses de paciência e amor.

Como descobriu a vocação para ser síndico?

Acredito que descobri como muitos síndicos descobrem: fui eleito em uma assembleia quando todos estavam preocupados com o condomínio, tanto em relação à estrutura física como à financeira, mas ninguém queria assumir a função e também não queriam que o síndico antigo continuasse.

É síndico profissional?

Essa pergunta é frequentemente feita. No início dizia sempre que não. Eu tinha uma ideia que síndico profissional era quando não se era síndico morador. Foi quando descobri que não existe a profissão de “síndico profissional” regulamentada. Fiz o curso de síndico profissional, passei a participar de reuniões com outros síndicos, de encontros de formação e, principalmente, a ler bastante sobre o assunto. Com isso me considero síndico morador e profissional.

Conte uma situação desafiadora em condomínio pela qual já passou como síndico e como a solucionou.

Penso que o momento mais difícil foi todo o primeiro ano, principalmente porque eu não tinha muitas informações sobre o assunto. O síndico passado não teve tempo de passar os procedimentos e havia muitos problemas. Precisei criar as processos necessários e treinar os funcionários até que o condomínio tivesse uma rotina própria e padronizada. Tivemos que arrumar um lugar adequado na administração física - que não tinha cara de administração - e ajustar os contratos de manutenção e de serviços. As manutenções passaram a ser feita de forma preventiva e, com isso, a situação financeira do condomínio passou a ficar positiva.

Na sua visão, qual o principal desafio na carreira de um síndico?

O maior desafio do síndico é ter paciência diante de tanta falta de bom senso nos dias de hoje. Em um mundo de tanto desrespeito para com o próximo, há muitos moradores estressados e até violentos. Não haver reconhecimento financeiro e profissional para com o síndico também é uma questão.

Que características um bom síndico deve ter?

Honestidade, paciência, prudência e amor pelo próximo.

E quais comportamentos o síndico deve evitar ao máximo?

Jamais ser desonesto, sem paciência e egoísta.

Acredita que a profissão hoje é mais valorizada do que há alguns anos?

Hoje é mais valorizada que ontem, mas ainda precisa avançar muito.

Qual é, na sua opinião, uma característica marcante dos condomínios do seu Estado? Há algum tipo de problema ou questão pela qual a maioria passa?

A maioria dos condomínios escolhe os síndicos pelo valor baixo ofertado e terminam não fazendo uma gestão profissional.