Entrevista com o síndico

Entrevista com o síndico: Yara Barros


Postada em 05/11/2019 às 11:37
Por Redação

Arquivo pessoal

Um quarto da vida de Yara Barros Manzano Freire, 54 anos, foi à frente do Condomínio Edifício San Marino, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Desses 13 anos como síndica de cerca de 530 pessoas, foram sete reeleições. Passou por dois incêndios em apartamentos e devido às conformidades com o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) os estragos pelo fogo foram os menores possíveis. “O mais difícil neste cargo é fazer o morador entender que o síndico não inventa regras e que necessitamos delas para viver em sociedade.”

Como você se interessou por esse universo e se tornou síndica?

Sempre trabalhei como compradora e resolvi dar a minha contribuição no momento que percebi que a administração estava com problemas como falta de dinheiro para pagar as contas básicas, multas por causa de impostos e por falta de documentação trabalhista. Comecei revendo contratos, cobrando inadimplentes e colocando antenas de aluguel em nosso prédio para que pudéssemos pôr em ordem as finanças e guardar dinheiro para obras essenciais, já que o edifício estava muito deteriorado por ser antigo. Com esse caixa que poupamos em alguns anos, realizei diversas melhorias no condomínio.

Já exerce o cargo há quanto tempo?

Há 13 anos. Minha primeira gestão durou seis anos com três reeleições. Depois, descansei por dois anos e voltei. Hoje já estou há sete anos, sendo quatro reeleições.

Já fez algum curso na área condominial? Quais?

Fiz alguns cursos direcionados (entre eles segurança, tributos, leis trabalhistas, e-social), participei de feiras como de acessibilidade e segurança patrimonial, além de alguns workshops promovidos pela administradora.

Quais as principais dificuldades no dia a dia do seu trabalho como síndica?

É fazer o morador entender que o síndico não inventa regras e que necessitamos delas para viver em sociedade. Se todos seguissem o regulamento interno de um condomínio, não seria tão difícil a vida nele. O mais complicado de ser síndico é fazer o morador se colocar no lugar do outro. Conflitos de condôminos tomam um tempo que o síndico poderia usar para problemas mais nobres da gestão do nosso patrimônio, e isso sim é uma grande responsabilidade. Outro problema de ser síndica é que não tem férias nem descanso. Exige muita dedicação e somos demandados a qualquer hora, qualquer dia e mesmo assim muitas vezes não temos valor.

Quais características um(a) bom(a) síndico(a) precisa ter?

Ser honesto, paciente, educado, imparcial e saber dizer sim e não quando necessário. Tentar sempre se basear no que diz o regulamento do condomínio para evitar conflito de interesses e eventuais problemas jurídicos para todos os moradores.

Já passou por algum episódio marcante no condomínio que vale a pena contar?

Dois incêndios que tivemos em unidades de moradores marcaram bastante. Vi a importância de termos o AVCB em dia, extintores e mangueiras de incêndio verificados e seguro patrimonial adequado para poder ajudar o morador na hora do apuro. Em ambos os casos tínhamos tudo em ordem e funcionou perfeitamente, a começar pela atenção do nosso porteiro, que avistou a fumaça, acionou a brigada de incêndio dos moradores vizinhos que participaram do treinamento de emergência e, em seguida, chamamos os bombeiros. Graças a todas essas medidas os danos foram bem menores do que realmente poderiam ter sido.

Dia 30 de novembro é celebrado o Dia do Síndico. Qual recado você deixaria para aqueles que estão começando?

Que sejam honestos, tenham muita paciência, leiam a convenção e regulamento interno e se baseiem neles para não haver a parcialidade. Que façam uma prestação de contas bem explicada em assembleia e que antes de tomar qualquer decisão, conversem com os seus conselheiros também. Boa sorte e feliz Dia do Síndico a todos.

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